O presidente fez o anúncio depois de ouvir um pedido de crianças levadas por um padre. O presidente disse nesta terça-feira(12), antes de comandar uma reunião no Palácio da Alvorada, que o governo vai enviar um projeto de lei federal ao Congresso para proibir a chamada "ideologia de gênero" no país. Pouco mais de duas semanas atrás, o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou inconstitucional, por unanimidade, uma lei municipal de Nova Gama (GO) que vetava a discussão de gênero em escolas.
O presidente fez o anúncio depois de ouvir um pedido de crianças levadas ao local por um padre. “Nós sabemos que, por 11 a 0, o Supremo Tribunal Federal derrubou uma lei municipal que proibia ideologia de gênero. Já pedi ontem para o major Jorge [Oliveira], nosso ministro [da Secretaria-Geral da Presidência], que providenciasse uma lei federal agora, um projeto, e devemos apresentar hoje com urgência constitucional”, declarou Bolsonaro, que carregou uma menina no colo enquanto ouvia o grupo cantar "Jesus Cristo", Roberto Carlos.
O presidente da República tem direito a solicitar que projetos de lei de sua autoria tramitem em regime de urgência. Nesse caso, a Câmara dos Deputados e o Senado terão 45 dias, cada uma, para votar a matéria. Se o prazo não for respeitado, o projeto passará a trancar a pauta de deliberações da Casa em que estiver tramitando, impedindo a votação de qualquer outro item.
As crianças arregimentadas pelo religioso, frequentador assíduo do Palácio da Alvorada e apoiador de Bolsonaro, disseram em seguida que não querem a lei da alienação parental, sem especificar ao que se referiam. Já existe uma lei em vigor, de 2010, que dispõe sobre "a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente".
Na sequência, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, se dirigiu aos jovens e ao padre para falar sobre os livros didáticos entregues pelo MEC em todo o Brasil, que segundo ele já estão melhores que os do ano passado. Ele disse ainda que há um número para que a pasta que comanda e o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos que está aberto a "qualquer denúncia".
PRF
Bolsonaro foi abordado em seguida por um grupo de concursados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em 2018, que foi pleitear a autorização do presidente para a convocação de um grupo de 600 pessoas, além das 1.000 já chamadas. Informado que a previsão já está na Lei Orçamentária Anual e que só seria necessário um decreto, ele respondeu, dando risada: “Se é decreto meu eu faço agora, dá cópia aí” declarou, chamando os ministros Jorge Oliveira e Paulo Guedes, da Economia.
Ao ouvir de uma concursada que a convocação seria um investimento, para evitar perdas com crimes nas estradas, Guedes comentou: “Como é que vai resistir a um pedido desses?”
Outro apoiador, de Araraquara (SP), pediu que Bolsonaro olhe para o Estado de São Paulo, porque o que está acontecendo lá é, segundo ele, "uma vergonha para o nosso país".
“Eu tô vendo notícia no jornal agora, eu vejo meio de diagonal, e a economia... estamos voltando o país à fome em função disso. Tem que tratar a questão do vírus juntamente com o desemprego. São dois problemas. Se você trata só de um, os problemas se avolumam”, comentou Bolsonaro.
O simpatizante questionou então por que não voltar a trabalhar com máscaras se "eles falam que a máscara é necessária para não transmitir" a Covid-19. “Os prefeitos têm que conversar com o João Doria (PSDB) porque o Supremo deu poderes para ele decidir essa questão aí. Se fosse comigo, seria diferente”, respondeu o presidente.
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