As eleições deste ano para o Congresso Nacional e os governos estaduais demonstraram a influência do presidente Jair Bolsonaro sobre o eleitorado do país. Com o apoio do chefe do Executivo, uma série de ex-integrantes do governo federal e membros do partido dele foram eleitos ou conseguiram passar para o segundo turno.
Antes da votação em primeiro turno, Bolsonaro aproveitou as tradicionais lives nas redes sociais para pedir votos para os seus candidatos. Como consequência disso, conseguiu a vitória para o Senado dos ex-ministros Rogério Marinho (PL-RN), Damares Alves (Republicanos-DF), Marcos Pontes (PL-SP) e Tereza Cristina (PP-MS), bem como a do vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos-RS) e a do ex-secretário de Aquicultura e Pesca Jorge Seif (PL-SC).
O ex-ministro Sergio Moro (União Brasil-PR) também foi eleito senador, apesar de não ter tido o apoio declarado de Bolsonaro. De todo modo, Moro foi parabenizado pelo presidente e disse que votará em Bolsonaro no segundo turno.
A maior parte dos políticos eleitos sob a imagem de Bolsonaro estará na Câmara dos Deputados a partir do ano que vem, como os ex-ministros Osmar Terra (MDB-RS), Marcelo Álvaro Antônio (PL-MG), Ricardo Salles (PL-SP) e Eduardo Pazuello (PL-RJ). Também vão ocupar uma cadeira na Casa o ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem (PL-RJ) e o ex-secretário especial de Cultura Mario Frias (PL-SP).
Além dos ex-integrantes do governo federal que conseguiram um mandato no Congresso, a coligação formada por PL, Republicanos e PP para a candidatura à reeleição de Bolsonaro elegeu 187 deputados federais e 13 senadores.
Fora do Parlamento, Bolsonaro apoiou a candidatura de oito governadores eleitos em primeiro turno: Cláudio Castro (PL-RJ), Ibaneis Rocha (MDB-DF), Ratinho Junior (PSD-PR), Wanderlei Barbosa (Republicanos-TO), Antonio Denarium (PP-RR), Mauro Mendes (União Brasil-MT), Clécio Vieira (Solidariedade-AP) e Gladson Cameli (PP-AC).
Outros quatro candidatos que tiveram o suporte do presidente estarão no segundo turno, como os ex-ministros Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Onyx Lorenzoni (PL-RS), além de Capitão Contar (PRTB-MS) e Jorginho Mello (PL-SC).
Para o cientista político Enrico Monteiro, a eleição de parlamentares e governadores mais alinhados a Bolsonaro revela um avanço da direita no espectro político do país. Segundo ele, a participação do presidente foi determinante nesse processo.
“A direita sempre teve uma carência de líderes. Nunca teve alguém que conseguiu se expressar e falar com esse grupo de eleitores. E quando surge Bolsonaro, que consegue conversar bem com essas pessoas e usa bem as redes sociais, ele garante uma militância minimamente organizada, o que faz com que o presidente passe a ser um ator importante na eleição de diversas pessoas Brasil afora”, analisa.
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